"Sem teoria revolucionária nada se constrói, dizia Lenine"

O seu próximo livro vai ser sobre a marginalidade de certos cidadãos, mas, enquanto esse volume não é editado, o Mário de Carvalho preocupa-se com o estado da actual sociedade e aponta os erros que considera fundamental evitar. Recorda o filme de Nicholas Ray e os poucos resultados da rebeldia sem causa. E ainda confirma o desejo de não pactuar com as normas do Novo Acordo Ortográfico
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Considerando que o escritor não intervém directamente na situação política do país - "O papel da literatura não é o de intervenção" - Mário de Carvalho não deixa de criticar a situação economico-política de Portugal e do mundo: "O capitalismo tem de ser severamente regulamentado. Se não houver no capitalismo uma forte e independente intervenção do Estado, estamos perante uma máquina descontrolada".

Por isso, lembra que Lenine "dizia que não há revolução sem teoria revolucionária, e tinha razão". O problema da sociedade actual é uma espécie de rebeldia sem causa, defende. "Sem teoria revolucionária há apenas tumultos e não existe a vontade de passar a um outro estádio, o de construir uma sociedade melhor. É apenas uma vontade de vociferação ou, como no caso que aconteceu em Inglaterra e em França, há uns anos, uma situação que pode levar ao desespero. É como o que está a acontecer no Egipto, que é desolador".

31 entrevistas em Agosto é uma rubrica do "Made in Portugal": durante os 31 dias deste mês de Agosto o DN publicará 31 entrevistas a figuras portuguesas, que falarão do País que temos e daquele que queremos. Todas as entrevistas serão conduzidas pelo jornalista João Céu e Silva. AMANHÃ: Gonçalo Cadilhe

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